7 de novembro de 2007

Quase a metade dos candidatos já prestaram vestibular na UFBa pelo menos uma vez

A pressão do vestibular amedronta os marinheiros de primeira viagem e aqueles que já enfrentaram pelo menos uma vez as provas da Ufba. De acordo com pesquisas realizadas pelo Serviço de Seleção Orientação e Avaliação (SSOA), pelo menos metade dos candidatos já tentaram o vestibular da Ufba e 25% tentam pela segunda vez. O cansaço, a repetição de assuntos nos cursinhos, a "pressão" da família e amigos e a sensação de estar atrasado em relação aos colegas levam os estudantes a loucura, provocando ansiedade e nervosismo na hora H.
Comentário: Paula Bulhman

Quase a metade dos candidatos já prestaram vestibular na UFBa pelo menos uma vez
Fonte: Jornal A Tarde
O vestibular é um momento difícil para todos os jovens - imagine então para aqueles que estão passando por isso novamente. Quase a metade dos candidatos já prestaram vestibular na UFBa pelo menos uma vez e aproximadamente 25% tentam vestibular pela segunda vez, segundo dados do Serviço de Seleção Orientação e Avaliação (SSOA). Carla Andrade, 19, vai tentar medicina pela segunda vez. Retornando de um intercâmbio no segundo semestre de 2006, ela caiu de pára-quedas no terceiro ano e na hora da prova não conseguiu lidar direito com o tempo. “As pressões esse ano aumentaram, não dos outros, mas de mim mesma. O que assusta é a possibilidade de mais uma derrota, ainda mais quando seus amigos já estão na faculdade, vivendo outro momento da vida que você também gostaria de estar compartilhando. É muito ruim a sensação de ter a realização de seus planos à mercê de uma prova de vestibular”. Esse aspecto fatalista do vestibular é muitas vezes estimulado por professores que tratam a prova como um bicho de sete cabeças a ser temido. Para o professor Paulo Bahiense, coordenador do Curso Grandes Mestres, é importante não incentivar a competição entre os alunos. "Eles precisam entender que o principal é manter a calma. Ansiedade não leva a nada".O desafio é conseguir manter a tranqüilidade com tantas dúvidas na cabeça. Para reduzir a ansiedade, Carla descobriu na costura um hobby.Cursinho - Quem está no cursinho tem uma mistura de sensações. Se por um lado quer estudar muito para não precisar passar por tudo de novo, por outro já confessa certo cansaço de ver sempre os mesmos assuntos, além de ainda ter em mente a decepção de perder o vestibular. "Sinto que eu estava mais empolgado antes, agora fico meio chateado pra estudar tudo de novo, as mesmas coisas", diz Thiago Andrade, 20.Além do cansaço pela repetição dos assuntos e até das piadas dos professores, muitas vezes esse ano a mais de preparação serve para o aluno repensar as suas escolhas. João Ferrari, 18, é um bom exemplo. No ano passado, ele prestou vestibular para engenharia mecânica e agora se decidiu por engenharia de minas. "Não fiz engenharia de minas antes por vergonha. Não tinha conhecimento. Dessa vez fui à faculdade conhecer o curso, entrevistei o coordenador para conhecer melhor".O professor Bahiense conta que o Grandes Mestres tem uma tumra em que a grande maioria dos alunos (70%) entrou na faculdade e abandonou o curso, decididos a enfrentar outro vestibular.Thiago chegou a cursar dois semestres de engenharia mecânica na Ufba até perceber que aquela não era a melhor escolha e voltar para as cadeiras dos cursinhos para tentar uma vaga em direito. "Quando fiz o primeiro vestibular não tinha certeza, só escolhi um curso. Não estava conseguindo levar o curso, não tinha vontade de estudar e vi que não ia conseguir continuar. Agora pesquisei mais".Cobrança - A sensação de estar parado no tempo enquanto todos avançam, a pressão da família e as incertezas quanto ao futuro contribuem para aumentar a tensão dos estudantes na hora da prova. Além da cobrança dos próprios estudantes, algumas vezes entram em cena os pais, que passam a fiscalizar horários com mais alarde. "Não saio durante a semana para evitar brigas com meus pais. Minha vida social já não é tão intensa e para ser sincera, às vezes quando saio me sinto até deslocada", conta Camila Rego, 19, que vai fazer vestibular para medicina na Ufba.O medo de decepcionar novamente a família e a si mesmo é grande. "Sinto uma pressão. Você vê seus irmãos todos formados e pensa: não posso ser o fracassado da família", preocupa-se João.Mas é preciso lembrar que perder no vestibular pode até parecer, mas não é o fim do mundo. "Na hora que você perde, fica muito pra baixo, mas o tempo passa", ensina Thiago. É levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima.

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