Cai índice de abstenção em vestibular da Ufba e UFRB

É menor o índice de abstenção entre os candidatos a uma vaga na UFBA e UFRB. O que não diminuiu foi a ansiedade daqueles estudantes que chegaram cedo nos locais de prova. Para alguns a maratona do ano todo está chegando ao final, alívio para estudantes e pais que acabam sofrendo junto.
Comentário: Paula Bulhman


Cai índice de abstenção em vestibular da Ufba e UFRB
Fonte: Correio da Bahia
Até as 8h, o tempo corria devagar, quase arrastado. Mas mudou repentinamente, quando cerca de 37 mil cadernos, com as 30 questões do vestibular conjunto das universidades federais da Bahia (Ufba) e do Recôncavo Baiano (UFRB), encontraram ontem as mãos dos candidatos. Em clima de tranqüilidade, a abstenção foi de 6,4%. No vestibular passado, a taxa de abstenção chegou a 7,43%. Faltaram 2.368 candidatos dos cerca de 39.198 inscritos para disputar 5,5 mil vagas em 95 cursos oferecidos por ambas as universidades.
Os segundos corriam afoitos e no primeiro dia do vestibular, o desafio era ter o tempo como aliado. Se ele parece não passar quando se está do lado de fora dos portões, quem acordou cedo e aguardava desde às 7h deu outro valor aos números apontados pelos ponteiros após o ingresso nas salas. Afinal, está em jogo um ano inteiro de preparação e abnegação.
Pais e amigos dividiam a ansiedade antes, na espera pela abertura dos portões, mas a grande maioria tem apenas a confiança como companhia. Entre os candidatos, cuja maioria está na faixa etária dos vinte e pouco anos, estava o comerciário João de Deus dos Santos, com o dobro da idade, 47 anos, em busca de um sonho e do tempo perdido.
Acordou antes das 5h na casa onde mora, no Jardim Nova Esperança. Chegou às 6h30, uma hora antes da abertura do portão do Colégio Central. “Estou de pé desde cedo para não perder o horário e ficar de fora. Estou concluindo o 3º ano e vim com disposição para tentar uma vaga do curso de administração”, declarou, pouco antes de ser liberada a entrada para as 48 salas da unidade.
Os candidatos tiveram 20 minutos para entrar no colégio, como nos outros 26 locais de aplicação de prova da capital e 17 no interior. A tolerância no Colégio Central foi de três minutos. Quem atrasou ou não conseguiu pegar a tempo o ônibus terá que aguardar o próximo ano. Mesmo com os gritos de “corre!” dos ambulantes, a estudante Tainã Chagas, 18 anos, chegou tarde. “Pensei que os portões fechassem às 8h. Moro perto e vim sem agonia”, contou Tainã, que pretende cursar direito na Jorge Amado, onde foi aprovada.
A recepcionista Josiane Araújo, 32 anos, no entanto, não tem como pagar uma faculdade particular, e por isso estava em pé desde às 6h55 na porta do Central, que recebeu quase dois mil candidatos. Grávida de seis meses, ela estava tentando segurar a ansiedade por causa do bebê. Ela concorria pela primeira vez a uma vaga no curso de letras. “Estudei em casa, me dividindo entre o trabalho e a gestação. Passei na Faculdade Dois de Julho, mas não pude pagar a matrícula de R$500”, lamentou Josiane, que dividia a angústia da espera dos portões acariciando a barriga.
Muitos pais fizeram questão de aguardar a abertura dos portões com os filhos. Alguns, inclusive, ficaram “presos” nos locais de realização de provas. “Alguns acompanhantes não saíram quando os portões foram fechados às 7h50 e ficaram impossibilitados de sair até 10h”, explicou o diretor do Serviço de Seleção da Ufba, Nelson Almeida.
Hoje, os candidatos respondem a dez questões de matemática, 18 de ciências humanas (história e geografia) e sete de língua estrangeira (inglês, espanhol ou francês). O período de duração da prova, como ontem, é de cinco horas. O resultado da primeira fase está previsto para o dia 10 de dezembro. As provas da etapa seguinte serão aplicadas entre os dias 16 e 21 de dezembro. Segundo a Ufba, até 31 de janeiro, serão divulgados os nomes dos novos estudantes das duas universidades federais do estado. Mais informações podem ser acessadas no site www.vestibular.ufba.br.